Ao longo de quatro dias, o IN 2019 discutiu novas tecnologias, inovação científica e aprimoramento de práticas clínicas.
Um novo capítulo na história da Reabilitação Oral: assim pode ser definido o IN 2019 – Latin American Osseointegration Congress, que aconteceu de 21 a 24 de agosto no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo.
Mais de cinco mil pessoas, de 27 estados brasileiros e dez países, marcaram presença para uma jornada intensa com foco na inovação científica e em novas tecnologias. Ao longo de quatro dias, mais de 260 professores compartilharam conceitos, abordagens e opções de tratamento para orientar os profissionais que atuam nas diversas áreas da Reabilitação Oral. Para apresentar o caminho das melhores práticas clínicas, o corpo docente foi composto pelos mestres de maior prestígio mundial na Implantodontia, Periodontia e Prótese Dentária.
A programação contou com seis mesas-redondas, 23 cursos de imersão internacionais, 12 aulas magnas, mais de 150 conferências Direto ao Ponto, 15 sessões de Plantão de Dúvidas e quase 50 aulas no formato Corporate Session. Para Dario Adolfi, presidente do IN 2019, esta edição do evento foi marcante pela alta qualidade apresentada em todos os detalhes, da produção à grade científica. “Eu tenho certeza de que a partir daqui teremos uma responsabilidade ainda maior no sentido de oferecer aos profissionais de Odontologia da América Latina as melhores possibilidades para o aprimoramento de seus conhecimentos”, ressalta.
Essa visão otimista contempla também a satisfação das 98 empresas que formaram a ExpoIN 2019, exposição promocional do encontro. Por isso, novamente, o sentimento da comissão organizadora é de que o encontro cumpriu o seu papel no sentido de traduzir tendências e discutir os rumos para as diversas especialidades do âmbito da Reabilitação Oral. “A Implantodontia latino-americana sai fortalecida mais uma vez”, ressalta Haroldo Vieira, coordenador executivo do IN 2019.
A próxima edição do IN – Latin American Osseointegration Congress já está confirmada para setembro de 2021 e terá o professor Francisco Todescan como presidente.
A seguir, confira os principais destaques da programação envolvendo áreas da Prótese Dentária.
CURSOS DE IMERSÃO
Materiais cerâmicos
Sidney Kina transmitiu todas as características microestruturais, aplicabilidades, vantagens e desvantagens das cerâmicas usadas na Odontologia, lançando mão de exemplificações divertidas do dia a dia que fizeram com que um assunto tão complexo – como estruturas dos cristais, composição, resistência ao desgaste e friabilidade das cerâmicas – se tornasse de fácil entendimento.
Alteração de padrão oclusal
Ao falar sobre o impacto da alteração de padrão oclusal em dentes e implantes, Oswaldo Scopin fez um breve histórico da evolução da Reabilitação Oral e destacou a importância de acompanhar a tecnologia e de se autoeducar, escutando várias “correntes de pensamento” para conseguir absorver aquilo que deve ser adotado. O professor ainda comentou sobre a importância da oclusão nos trabalhos reabilitadores com implantes, técnicas e processos para aumento da dimensão vertical, e a validação durante três meses da adequação fisiológica do novo padrão oclusal.
Multidisciplinaridade
Daniel Hiramatsu apresentou um conteúdo vasto e rico envolvendo reabilitações em ambiente multidisciplinar, destacando a preocupação constante em relação ao diagnóstico e às corretas indicações dos procedimentos minimamente invasivos – nem sempre viáveis. O compromisso com o resultado e a abordagem clínica com embasamento científico foram outros destaques, desmistificando pontos polêmicos debatidos em redes sociais e que jamais devem servir como guia na prática clínica.
Soluções cerâmicas para dentes e implantes
Com ênfase maior em casos realizados em regiões estéticas, Gerard Chiche (Estados Unidos) falou sobre as diferentes possibilidades de uso de zircônia e metal, além de suas indicações específicas para essas regiões. O professor reforçou a importância do ajuste oclusal minucioso em reabilitações sobre dentes e implantes, além de destacar as diferenças estéticas obtidas utilizando a zircônia e a cerâmica, no que diz respeito à translucidez dos elementos em regiões de estéticas.
Inovações em Odontologia Restauradora
Com o objetivo de analisar e comparar as diferentes etapas da reabilitação oral analógica e digital, Gustavo Vernazza (Argentina) expôs a importância de compreender as atividades funcionais e parafuncionais para entender a etiogenia do comprometimento (ou da perda) dos dentes, e a possibilidade de reabilitar com sucesso. Ele frisou que as inovações tecnológicas permitem alcançar resultados mais precisos, desde que a terapêutica esteja fundamentada no diagnóstico adequado. Também lembrou sobre a necessidade de conhecer a fisiologia, entender a função e harmonizar o sistema estomatognático previamente à reabilitação. Por fim, discorreu sobre a filosofia terapêutica Pafro, baseada no posicionamento dos dentes e na estabilidade condilar, estabelecendo como condição básica o reposicionamento maxilomandibular em relação de oclusão cêntrica.
Área de transição entre dente e implante
Com muito dinamismo, Victor Clavijo apresentou uma Odontologia contemporânea, com previsibilidade do trabalho restaurador estético e funcional sobre implantes e suas estruturas adjacentes. Vale ressaltar que fazem parte do sucesso do tratamento o modo de decisão, a escolha do implante e seu posicionamento, estabilidade e tipo dos componentes protéticos, decisão do dente provisório e sua adaptação associadas ao correto condicionamento gengival. Ele enfatizou que a previsibilidade em reabilitações pode e deve ser obtida, sempre pautando em conceitos atuais, conhecimento clínico e baseando-se em Ciência.
Fluxo de trabalho na Odontologia Estética
Vincenzo Musella (Itália) fez uma abordagem sobre Estética, desde situações mais simples com restaurações diretas e indiretas até reabilitações mais complexas. Em todos os casos, pode-se perceber uma preocupação relacionada não somente ao dente, mas ao contexto do rosto do paciente, por isso ele utiliza técnicas como DSD e fluxo digital. Mas, o que chamou bastante atenção foi o uso do mock-up de silicone transparente com resina flow fotopolimerizável, em vez da resina bisacrílica.
MESAS-REDONDAS
Carga imediata
Coordenada por Valdir Muglia, a discussão contou com Adam Hamilton (Estados Unidos) falando sobre a importância do planejamento virtual e dando detalhes para um correto posicionamento do implante e posterior reabilitação. Salah Huwais (Estados Unidos) destacou a relevância da osseodensificação para melhorar a densidade óssea e alcançar a estabilidade primária, necessária para a implantação imediata. Já Leandro Nunes discorreu sobre o planejamento da implantação imediata a partir de dados obtidos com o exame tomográfico. Hugo Nary Filho abordou casos de falhas em planejamentos, mas que mesmo assim ocorreu a osseointegração, e complementou que não se deve realizar carga imediata em rebordos desdentados por um longo período. Ao final, Adriano Piattelli (Itália) lembrou o benefício da carga imediata sobre o osso a ser formado ao redor do implante durante a osseointegração.
Cerâmica de alta resistência para prótese fixa
Carlos Araújo, presidente da mesa-redonda, afirma que essa foi uma discussão relevante para o clínico que tem intenção de utilizar zircônia nas próteses fixas sobre implantes. Gerard Chiche (Estados Unidos) discorreu sobre o uso desse material em próteses do tipo protocolo sobre implantes, mostrando um novo desenho que ele criou para eliminar os pequenos problemas que acontecem ao utilizar as estruturas em zircônia para próteses fixas do tipo protocolo. Gustavo Vernazza (Argentina) falou que a oclusão precisa ser levada em consideração, pois é um fator crítico quando se utiliza materiais cerâmicos, que podem fraturar. Ivete Sartori fez um panorama sobre os tipos de zircônia e sua evolução ao longo do tempo, além de sugerir o protocolo ideal de uso desses materiais, transitando entre o digital e o analógico.
Pilares protéticos para dentes e implantes
Newton Sesma conduziu a discussão iniciada pelo colombiano David Troncoso, que comentou sobre diversos critérios que precisam ser analisados para tomar a decisão entre prótese cimentada ou parafusada, falando também sobre a influência da espessura da mucosa na aparência estética dos abutments. Sonia Leziy (Canadá) apresentou técnicas para modificar a anatomia dos tecidos moles, discutiu vantagens e limitações do protocolo dermal ARC para ganho de volume tecidual e mostrou os benefícios dos abutments de cicatrização personalizados. José Geraldo Malaguti destacou a influência do material para pilares protéticos, abordando as propriedades mecânicas e óticas das diferentes cerâmicas: feldspáticas, vítreas e policristalinas. Diego Klee de Vasconcellos ressaltou a importância do planejamento do implante guiado pela prótese e também mostrou as vantagens da técnica one abutment at one time.
AULAS MAGNAS
Essas seções especiais do IN 2019 contaram com a apresentação de grandes mestres da Reabilitação Oral. Dario Adolfi fez uma abordagem sobre as novas tecnologias no planejamento reabilitador, mostrando que as grandes mudanças na Odontologia Restauradora estão relacionadas à revolução digital e ao design no mundo virtual. Sendo assim, a discussão envolveu os avanços na capacidade de diagnóstico e evolução dos equipamentos de fresagem e impressão, além das melhorias atribuídas às tecnologias digitais.
Marco Antonio Bottino destacou o protocolo digital, que é uma realidade na Odontologia e está mudando o paradigma nos planejamentos e na execução dos tratamentos. Ele enfatizou que as novas ferramentas oferecem maior precisão, impactando positivamente nos resultados clínicos e laboratoriais. Já Carlos Eduardo Francischone focou em soluções para questionamentos rotineiros que envolvem a Reabilitação Oral, dentre eles a possibilidade e a previsibilidade de utilização de dois sistemas diferentes de conexão de pilares em próteses fixas. Também foram explorados a estabilidade terciária como fator decisivo para a longevidade da osseointegração e o comportamento das próteses parafusadas diretamente nos implantes versus os diferentes tipos de conexão implante/pilar.
A programação ainda contemplou a aula magna da equipe do Ateliê Oral. Marcelo Moreira, Luis Calicchio e Wagner Nhoncance discutiram a contribuição da tecnologia para tratamentos estéticos reabilitadores.
IN 2019 em números
– Mais de 5,3 mil participantes de 27 estados brasileiros e 10 países;
– 261 professores;
– 250 atividades científicas;
– 27 convidados internacionais;
– 98 empresas na ExpoIN.