Quanto tempo você gasta para desincluir um anel de 200 g de revestimento após o devido resfriamento? David Morita dá dicas importantes para acelerar o processo.
Existe uma diferença importante entre “ser eficiente” e “ser eficaz”, mas nem todos percebem. Eu gosto de dizer que “eficiência” significa “fazer certo as coisas”, enquanto “eficaz” diz respeito a “fazer as coisas certas”. Se ficou confuso, eu explico melhor: um indivíduo que constrói um poço com perfeição é eficiente. Um indivíduo que sabe onde deve cavar o poço para encontrar mais água é eficaz.
Essa breve reflexão sobre os significados das palavras tem tudo a ver com o tema que escolhi para esta edição. A técnica que vou demonstrar pode ajudar muitos TPDs e auxiliares de laboratório na desinclusão de peças injetadas em cerâmica, de forma muito mais rápida. O objetivo é realizar essa tarefa de forma mais eficiente e também mais eficaz.
Muitos já sabem, mas vale lembrar que eu vim de um laboratório familiar. Lá, eu era o mais novo entre os irmãos e também entre os demais colaboradores, que dividiam suas tarefas comigo. E, como sabem, sempre sobra para o caçula as tarefas mais chatas. Por isso, a desinclusão é uma tarefa a ser citada. Sempre que eu pretendia assumir novas tarefas no laboratório, tinha que superar todos os valores alcançados anteriormente por outros técnicos. Talvez por esta razão, tive de aprender a ser não só eficiente, mas também eficaz para poder realizar outras tarefas dentro do laboratório.
Como tudo que é simples também pode se tornar complicado, estou disponibilizando a sequência de trabalho que desenvolvi e também algumas dicas valiosas para que todos possam alcançar os mesmos resultados no dia a dia.
Quanto tempo você gasta para desincluir um anel de 200 g de revestimento após o devido resfriamento? Posso afirmar que, se você seguir este roteiro, poderá alcançar a marca de aproximadamente cinco minutos para remover todo o revestimento das peças. Como posso afirmar isso? Porque cheguei lá!
DICA 1: use o material certo
Inicie a desinclusão com a pressão de 4 bar e use apenas microesfera de vidro. A microesfera é um material de formato arredondado e não possui arestas em seu contorno. Por isso, não prejudica a superfície das peças de cerâmica. A microesfera é produzida por atomização, diferentemente do óxido de alumínio, que é produzido por moagem, que resulta na formação de arestas em suas partículas. Essas arestas podem gerar microrranhuras na superfície das peças, levando-as ao fracasso por causa de trincas nas estruturas durante o processo de aplicação de cerâmica ou até mesmo maquiagem.
DICA 2: preserve os materiais
Outro passo importante é a remoção de partes do revestimento usando discos diamantados para separar os troquéis. Cuidado! Se o disco tocar em uma das peças ou no êmbolo de injeção, causará prejuízo ao laboratório. Além disso, devemos considerar o desgaste do disco. Ele tem grande durabilidade no recorte do gesso, mas degrada precocemente quando aplicado no revestimento fosfatado que usamos para incluir as peças.
DICA 3: tempo também é dinheiro
Um bom equipamento é essencial para a desinclusão, e o reuso de alguns materiais, como microesfera de vidro e óxido de alumínio, nunca deve ser feito. Pense bem e lembre-se que tempo também é dinheiro. O tempo que um colaborador gasta para reciclar o material pode ser até maior do que uma desinclusão. Faça as contas: quanto custa o material que você pretende reciclar? Quanto valem as peças que estão dentro de um anel de revestimento? É sempre preferível que um colaborador entregue as peças no menor tempo possível. A produção do laboratório aumenta, assim como o faturamento.
David Morita
Técnico em prótese dentária – Senac; Proprietário do Laboratório e Instituto de Treinamento David Morita; Segundo secretário da Assembleia Administrativa da SBO Digital.