Vita Zahnfabrik e o futuro dos materiais dentários

Vita Zahnfabrik e o futuro dos materiais dentários

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Emanuel Rauter, presidente da Vita Zahnfabrik, conversou com a equipe da PróteseNews sobre o impacto da tecnologia no mercado odontológico.

Desde a sua fundação, há mais de 90 anos, a Vita Zahnfabrik – especializada em materiais dentários odontológicos – conserva o modelo de empresa familiar e, atualmente, é presidida por Emanuel Rauter, que representa a quarta geração da família. Se por um lado a sucessão no comando segue um modelo bastante tradicional, por outro favorece um estreito patamar de comprometimento entre os líderes, com tomadas de decisões rápidas e menos burocráticas, se comparadas às companhias mais corporativas.

A sede da Vita Zahnfabrik fica em Bad Säckingen, uma cidade localizada na fronteira entre Alemanha, França e Suíça. Ao longo de nove décadas, o desenvolvimento foi contínuo. Hoje a empresa está presente em 150 países e conta com cerca 770 funcionários.

Em sua primeira visita ao Brasil, Emanuel Rauter conversou com a PróteseNews e falou sobre o impacto da tecnologia no mercado odontológico e como os profissionais devem se preparar para as inovações. Acompanhe.

PróteseNews – Qual será o papel da Vita na Odontologia da próxima década, em que a tecnologia está cada vez mais presente?
Emanuel Rauter – A Vita é uma empresa responsável por fornecer materiais para todos os tipos de workflow utilizados em Odontologia, seja digital ou analógico. Então, nossa meta é estar sempre preparado para oferecer as soluções perfeitas para suprir as necessidades e escolhas dos dentistas e dos técnicos em prótese dentária. Essa é a razão pela qual, há cerca de 30 anos, começamos a trabalhar com CAD/CAM, adaptando nossos materiais a essa tecnologia. Certamente, estamos prontos para nos adequar às próximas inovações, como a impressão 3D.

PróteseNews – Como o cirurgião-dentista e o técnico de prótese dentária devem se preparar para esse momento da chegada da tecnologia?
Emanuel Rauter – Como profissionais, tanto o cirurgião-dentista quanto o técnico de prótese dentária devem ser muito vigilantes e interessados naquilo que é novo. Ou seja, é importante conhecer e experimentar as tecnologias, mantendo-se atualizado e treinado em relação às novidades. Ao fazer isso, o profissional será capaz de descobrir o melhor uso da tecnologia e a sua posição de usuário em relação a ela. Alguns dentistas e laboratórios acabam optando por fazer todos os procedimentos possíveis digitalmente. Ao mesmo tempo, há muitos dentistas e técnicos em prótese dentária que valorizam a combinação do digital a trabalhos mais manuais. Eu acho importante observar as implicações relacionadas à tecnologia e estar à frente, para saber de que modo ela pode ser usada no tratamento do paciente.

PróteseNews – Como estética e resistência são equilibradas na nova geração de materiais cerâmicos para a Odontologia?
Emanuel Rauter – Estética é o pré-requisito para qualquer material que produzimos, pois nós queremos que os pacientes dos nossos clientes tenham o sorriso natural de volta. Sendo assim, a estética tem que ser perfeita. Se observarmos, nos últimos dez anos discutimos muito sobre resistência, mas não sei se a resistência é o melhor questionamento, já que no final o interesse é no sucesso clínico. O paciente só quer que o material tenha longevidade. Acredito que o dentista e o técnico em prótese dentária não estão interessados em materiais que apresentem resistência, mas sim nos que são robustos, que não sejam delicados e que ofereçam bons resultados. Sabemos que os materiais mais estéticos, quando bem empregados, possuem um enorme sucesso clínico durante algumas décadas.

A Vita é muito consciente em relação aos resultados positivos esperados pelos profissionais e pelo paciente.

PróteseNews – Você acredita que os implantes cerâmicos têm potencial para substituir totalmente o titânio no futuro?
Emanuel Rauter – Eles possuem um bom potencial. Temos dados clínicos de acompanhamento de oito anos de casos com implantes cerâmicos e sabemos que a osseointegração é tão boa quanto aquela apresentada pelo implante de titânio. Também ouvimos dos clientes que a integração ao tecido mole parece ser melhor em modelos cerâmicos do que nos de titânio. Nos implantes cerâmicos, é importante considerar que o diâmetro é mais limitado e também é mais difícil obter a flexibilidade de uso em soluções protéticas. A variedade de implantes cerâmicos não é grande, mas conforme o workflow vai se tornando mais digital, o planejamento com implante fica mais próximo e adaptável às soluções protéticas. Então, provavelmente no futuro não será necessária uma grande variedade de modelos cerâmicos.

Resumindo, os implantes cerâmicos podem tomar uma grande parte do mercado de implantes de titânio, no entanto sempre terão algumas limitações em relação à flexibilidade protética. Mas, clinicamente, eles funcionam muito bem.

PróteseNews – Em relação ao Brasil, quais são os planos da empresa para os próximos anos?
Emanuel Rauter – Sabemos do alto nível da Odontologia brasileira. Nos congressos internacionais é possível perceber as grandes contribuições de dentistas e técnicos em prótese dentária vindos do Brasil. Esse é um mercado muito importante para a Odontologia, seja pelo alto nível dos profissionais ou pela grande população. É um país que se encaixa muito bem no nosso portfólio, embora existam algumas barreiras de negócio entre os mercados brasileiro e europeu, mas esperamos que os acordos de livre comércio entre a União Europeia e o Brasil progridam e que os alinhamentos comerciais sejam melhorados nos próximos anos.


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