Sistemas precisos de CAD/CAM, seguros, fáceis de usar, com bons programas de treinamento e pesquisa com foco inclusivo em tecnologias digitais, certamente podem contribuir para a obtenção de uma melhor Odontologia restauradora.
Atualmente, sabe-se que os fluxos de trabalho são passíveis de digitalização em termos de precisão, eficiência e relação custo-benefício, com o objetivo de integrá-los à prática cotidiana. Porém, uma mudança de paradigma está no horizonte. Que possibilidades oferecem novos procedimentos digitais que podem nos ajudar a expandir o espectro do tratamento odontológico? Em vez de “apenas” obter melhorias na eficiência econômica, os procedimentos digitais modernos permitem ampliar diagnósticos, melhorar tratamentos e monitorar o progresso clínico, o que beneficia diretamente a todos. Agora, os profissionais podem e devem atender com mais competência às expectativas dos pacientes em termos de ausência de dor, conforto na mastigação e estética, além de manter resultados a longo prazo proporcionando sucesso clínico ou, em outras palavras, mantendo ou melhorando a saúde bucal de maneira nunca vista antes.
Nesse contexto, a precisão final de uma ou múltiplas restaurações dentárias no fluxo de trabalho digital chairside é determinada por características pertinentes ao scanner intraoral (por exemplo, seu princípio de operação), pelo software de processamento de dados e pela fresadora usada para fazer a restauração. Mas, previamente a tais fatores, o correto planejamento deve ser executado de acordo com cada caso, uma vez que ferramentas tradicionais e inovações tecnológicas devem ser combinadas para um melhor atendimento ao paciente. Afinal de contas, sistemas CAD/CAM constituem ferramentas ímpares, porém não exercem a Odontologia para ninguém.
No caso exemplificado a seguir, um paciente buscou atendimento devido ao tratamento realizado anteriormente nos elementos 14 a 24, no qual facetas cerâmicas para correção de protrusão dentária da bateria labial anterior superior foram realizadas em sessão única através do sistema Cerec. De forma não planejada, preparos dentários foram executados com o intuito de corrigir tais angulações dentárias sem qualquer tipo de simulação, causando pulpite irreversível nos elementos 13, 21 e 23, e necessidade de tratamento endodôntico devido à invasividade dos desgastes dentários. Além disso, o paciente relatou insatisfação com a forma, o posicionamento e a proporcionalidade restauradora obtida (Figuras 1 a 5).
Desta maneira, foi proposto o retratamento restaurador e o planejamento estético foi feito através de software de desenho de sorriso, aliando escaneamento intraoral e fotografia para a completa integração de informações e simulações (Figura 6). Após a aprovação do mock-up pelo paciente (Figura 7), a reabilitação foi conduzida através de preparos planejados e guiados, além de novas restaurações cerâmicas de 14 a 24 no sistema Cerec com o modo de desenho de cópia biogenérica (Figura 8 a 11).
Consequentemente, pode-se perguntar: quão grande é a influência do erro humano? Quão fácil é a operação de sistemas CAD/CAM? Ainda faltam dados conclusivos sobre esse assunto para todos os sistemas disponíveis no mercado. O que se pode afirmar é que sistemas precisos de CAD/CAM, seguros, fáceis de usar, com bons programas de treinamento e pesquisa com foco inclusivo em tecnologias digitais, certamente podem contribuir para a obtenção de uma melhor Odontologia restauradora. Afinal, independentemente do tipo de fluxo digital restaurador, o planejamento é e sempre será necessário.
Leandro Passos
Especialista em Prótese Dentária – ABO/RJ; Mestre em Odontologia, área de concentração em Clínica Odontológica – Universidade Federal Fluminense; Doutor em Odontologia, área de concentração em Dentística – Uerj.
Orcid: 0000-0001-9943-7066.
Fernando Peixoto Soares
Mestre e doutor em Periodontia – Fousp; Especialista em Periodontia – Abeno.
Orcid: 0000-0003-2393-6699.