A zircônia é indicada para a confecção de pilares de próteses sobre implantes. Diego Klee debate conceitos e abordagens neste trabalho.
A zircônia tetragonal estabilizada por ítria (3Y-TZP) é indicada para a confecção de pilares de próteses sobre implantes. Apresenta estabilidade química, alta resistência (cerca de 900 a 1.200 Mpa) e excelente tenacidade à fratura. Por ser branca, opaca e fluorescente, quando corretamente tratada, pode ser alcançado um efeito mais estético, principalmente em áreas de fina mucosa peri-implantar, em comparação aos tradicionais componentes metálicos.
Outro aspecto de extrema importância é a qualidade da adesão e do selamento tecidual que se forma ao redor do conjunto implante/pilar protético, diretamente relacionada aos materiais utilizados. A zircônia, assim como o titânio, é capaz de suportar a adesão das células epiteliais através de hemidesmossomos e lâmina basal. Além disso, as superfícies dos pilares de zircônia apresentam uma redução significativa na aderência bacteriana, bem como profundidades de sondagem mais rasas em comparação com os pilares de titânio. Esses dados levam à hipótese de que a zircônia tem características vantajosas para ser usada como pilares sobre implantes, por ser um material com menor capacidade de aderência a bactérias orais e que não compromete a vedação tecidual.
O conceito one abutment at one time preconiza a não remoção de pilares colocados no momento da cirurgia de instalação ou reabertura de implantes. Esta abordagem melhora a cicatrização e a estabilidade da mucosa e do osso em volta de implantes unitários posicionados abaixo da crista óssea (cone-morse). A repetida remoção/recolocação do pilar protético durante a fase cicatricial, ou mesmo após a osseointegração do implante, compromete o selamento tecidual e o equilíbrio biológico criado neste espaço ao redor do implante/pilar, podendo ocasionar uma certa reabsorção óssea e recessão da mucosa peri-implantar. Pilares fabricados em titânio ou zircônia oferecem condições semelhantes para cicatrização e selamento da mucosa peri-implantar (estabelecimento das distâncias biológicas). Pela facilidade de aquisição e uso, normalmente, os pilares pré-fabricados em titânio são mais utilizados. Entretanto, as tecnologias digitais possibilitam novas opções de tratamento na prótese dental. O planejamento cirúrgico virtual permite a confecção de pilares protéticos personalizados em zircônia antes mesmo da cirurgia para colocação do implante dental. A cirurgia guiada é realizada e o pilar protético, previamente planejado e produzido, é instalado concomitantemente.
Outra possibilidade é a confecção do pilar em zircônia em sistemas CAD/CAM imediatamente após a colocação do implante. Ambas as opções permitem a filosofia one abutment at one time empregando a zircônia e suas positivas características já abordadas, o que parece ser uma forte tendência para o futuro das próteses sobre implantes.
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Diego Klee
Professor associado da disciplina de Prótese Parcial – UFSC; Doutor em Odontologia Restauradora e Prótese Dentária – Unesp/SJC.
Orcid: 0000-0002-6927-331X.