Qual seria o melhor meio de acondicionar e evitar fraturas de peças cerâmicas? Algodão? Isopor? Plástico bolha? David Morita responde.
Muitas vezes, nos deparamos com situações difíceis e desagradáveis nos tratamentos reabilitadores, como as fraturas de peças cerâmicas, que geram desconforto para quem fez a restauração, para quem instalou e para quem recebeu. Quase sempre a solução do problema está relacionada à reconfecção do trabalho, o que gera prejuízo de tempo e custo operacional para todos.
Durante muito tempo, utilizei um sistema de embalagem das peças de cerâmica que julgava seguro. Porém, um dia eu estava com uma peça pronta para o envio e ela caiu no chão. Sem hesitar, a retirei da embalagem e reparei que havia uma trinca. Passei a imaginar quantas outras peças não poderiam ter fraturado durante o transporte. É frequente a tentativa de achar um culpado, porém é difícil determinar o responsável, pois a falha pode ser oriunda de uma somatória de fatores.
As cerâmicas vítreas são consideradas frágeis devido à baixa resistência à tração e pela baixa resistência à propagação de trincas (tenacidade). Desta forma, alguns cuidados devem ser tomados para evitar falhas catastróficas.
Boa parte das fraturas cerâmicas pode ser decorrente de pequenos impactos causados durante o transporte, seja via portador, terrestre ou aéreo. As caixinhas são, muitas vezes, “massacradas” e o conteúdo interno também. As peças de cerâmica estarão lá dentro sofrendo se não forem devidamente acondicionadas.
Qual seria o melhor meio de acondicioná-las? Algodão? Embalagens para ourives? Fita adesiva com algodão? Amido de milho? Pipoca? Isopor? Plástico bolha? Recipientes com água? Eu precisava encontrar uma solução viável para o problema. Até que um dia eu parei em frente a uma farmácia e vi um gel íntimo. Foi quando eu pensei: se eu aumentar a viscosidade interna do material que armazena a cerâmica, a peça não conseguirá se movimentar dentro da embalagem. Aumentar a viscosidade é o mesmo que deixar o líquido interno menos fluido.
Percebi que o valor seria impraticável se comprasse o produto na farmácia. Verifiquei que se tratava de gel hidrossolúvel, então, em lojas especializadas em suprimentos para clínicas e hospitais, os valores e a quantidade ficariam muito mais acessíveis. Assim, uma troca simples no meu sistema de embalagem para envio minimizou os riscos de trincas das peças. Vale lembrar que não se deve usar álcool em gel, pois pode interferir de maneira negativa no processo de cimentação e na longevidade das restaurações. A seguir, algumas formas de embalagens simples, econômicas e sustentáveis (Figuras 1 a 10).
David Morita
Técnico em prótese dentária – Senac; Proprietário do Laboratório e Instituto de Treinamento David Morita; Segundo secretário da Assembleia Administrativa da SBO Digital.